Você sabe o que é Black English ?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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Caso disséssemos “We is hungry”, “I be nine years old”, “They was studyin’ English”, certamente iríamos ferir os ouvidos de muitos lingüistas ou estudiosos da língua inglesa ou ainda, em alguma sala de aula, soaria estranho e incorreto aos nossos alunos. Porém, se pronunciássemos as mesmas frases em uma comunidade negra americana, a comunicação se estabeleceria. É que trata-se do Black English, um dialeto falado por negros norte-americanos, o qual tem levantado muita discussão e resistência desde seu aparecimento até hoje, principalmente no que se refere ao ensino formal de escolas dos EUA.
Para entender o que é o Black English é preciso primeiro voltar um pouco na história para que possamos compreender suas origens. Durante os primeiros anos de colonização americana, os traficantes de escravos procuravam embarcar nos seus navios pessoas de diferentes línguas, de modo que eles não se comunicassem entre si, evitando assim, possíveis rebeliões.
Os escravos saíram de seus ambientes naturais no qual falavam sua língua materna e foram inseridos em um ambiente totalmente novo com diversos idiomas que eles não entendiam. Foi a partir da necessidade de comunicação entre si que uma nova linguagem foi crescendo entre esses escravos, denominada de pidgin.
Quando seus filhos nasciam, só tinham contato com essa linguagem reconhecida como sua língua materna, agora passando a chamar-se crioulo, o qual foi evoluindo e misturando-se a outras variedades linguísticas chegou até o Black English, o que não implica dizer que todos os negros norte-americanos o adotaram.
Este dialeto contém regras e peculiaridades que o tornam singular fazendo com que muitos o considerem um “erro” de linguagem, influenciando diretamente no aprendizado dos alunos negros, os quais, na sua maioria, tiram notas ruins justamente pelo fato de não assimilarem facilmente o inglês padrão ensinado nas escolas.
Entre as regras podemos citar o verbo to be, que é frequentemente anulado como em “I going' out”; não ocorre sua conjugação tanto no singular quanto no plural como em “ I be tired this morning”; was é usado para todas as pessoas: “They was wearin’ (wearing) a hat”; is para todas as pessoas, tanto no singular quanto no plural: “I is tired”, “Is you a patriot?”; há colocação do “s” para todas as pessoas no tempo presente quando o correto seria usá-lo somente para He, she e it: “I loves you”, “They likes tea”, além de outras.
Em razão desses aspectos, o Black English divide opiniões de críticos do mundo todo. Há movimentos favoráveis a elevá-lo ao status de língua contando com o apoio do famoso lingüista e também pesquisador da Universidade da Pensilvânia, William Labov. Segundo ele, tal decisão ajudaria os alunos negros, muitos dos quais não falam o inglês padrão, a melhorarem seus desempenhos escolares em todas as disciplinas.
Por outro lado, o deputado republicano Peter King, chegou a apresentar uma resolução para vetar o uso de verbas federais em programas de incentivo ao ensino dessa linguagem usada pelos negros nas escolas, alegando que isso criaria uma divisão racial intransponível, consequentemente prejudicando o futuro desses alunos tanto na educação quanto no aspecto profissional.

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